A reprodução assistida é uma área médica imprescindível, especialmente em uma sociedade que vê um crescente número de casais enfrentando dificuldades para engravidar. A rápida evolução das tecnologias e técnicas nesta área tem oferecido esperanças renovadas para milhões de pessoas ao redor do mundo. Este artigo busca explorar o que é a reprodução assistida, ilustrar alguns exemplos de como ela funciona e explicar como se dá a formação na área.
O que você vai ler neste artigo
Infertilidade e reprodução assistida
Para entender o que é reprodução assistida, é crucial primeiro conhecer o conceito de infertilidade. A infertilidade é definida como a incapacidade de conceber após um período de 12 meses de tentativas com atividade sexual regular e sem o uso de métodos contraceptivos. Pode ser classificada como primária, quando a pessoa nunca conseguiu engravidar, ou secundária, quando já houve uma gravidez anterior, mas dificuldades surgem em conceber novamente.
Os critérios para definir infertilidade e a necessidade de investigá-la dependem da idade da mulher e das patologias apresentadas pelo casal. Observe-os na tabela:
A reprodução assistida é a área que estuda as causas e tratamentos da infertilidade em homens e mulheres. Envolve um conjunto de técnicas médicas que visam ajudar casais inférteis a alcançarem o sonho da maternidade e paternidade. Esse campo vai muito além de simplesmente facilitar o encontro entre óvulo e espermatozoide, pois inclui uma abordagem multidisciplinar envolvendo endocrinologia, genética, psicologia e outras especialidades médicas.
A infertilidade conjugal possui etiologias diversas, decorrentes tanto de patologias masculinas femininas, do casal ou sem causa identificável (ISCA, a infertilidade sem causa aparente). Observe o mapa mental do Extensivo do Estratégia MED, que compila as definições iniciais sobre o tema, e as principais causas de infertilidade:
Métodos e técnicas da reprodução assistida
Existem várias técnicas de reprodução assistida, cada uma adequada para diferentes causas de infertilidade.
Uma das causas mais comuns de infertilidade não se deve a problemas ovarianos em si, mas a fatores tuboperitoneais – doenças ou sequelas que impedem o adequado transporte dos gametas pelas tubas uterinas. Uma das causas principais, nesse sentido, consiste na doença inflamatória pélvica, que pode provocar aderências nas tubas e, como consequência, a famosa hidrossalpinge, e, com isso, impedir o adequado funcionamento do órgão.
O exame inicial para avaliar o fator tubário consiste na histerossalpingografia, em que são realizadas radiografias seriadas da pelve após a injeção de contraste na cavidade uterina. Observe a ilustração:
Dentre as técnicas mais avançadas em reprodução assistida, incluem-se:
- Inseminação Artificial (IA): Consiste em colocar espermatozoides diretamente no útero durante o período ovulatório.
- Fertilização In Vitro (FIV): Óvulos são coletados e fertilizados com espermatozoides em laboratório, formando embriões que são posteriormente transferidos para o útero.
A fertilização in vitro é extremamente complexa, e segue diversas etapas – observe-as na ilustração:
- Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides (ICSI): Técnica similar à FIV, mas realizada quando há problemas graves de fertilidade masculina. Um único espermatozoide é injetado diretamente no óvulo.
- Transferência de Gametas (GIFT): Esperma e óvulo são colocados juntos nas trompas de Falópio para que a fertilização ocorra naturalmente.
Cada uma dessas técnicas exige uma alta especialização e recursos tecnológicos avançados, o que justifica os elevados custos envolvidos. Por exemplo, a FIV pode chegar a custar até R$ 38 mil, uma quantia significativa que reflete a complexidade e a personalização do tratamento.
Reprodução assistida no Brasil
O Brasil lidera na América Latina em termos de procedimentos de reprodução assistida. Dados mostram que nosso país está bem estabelecido no uso dessas técnicas, com um crescimento constante de clínicas especializadas e profissionais capacitados.
Entre as poucas instituições públicas que oferecem gratuitamente esses tratamentos estão o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o Pérola Byington em São Paulo e o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. No entanto, a maioria das clínicas de reprodução assistida operam de forma privada, e muitos pacientes recorrem a processos judiciais para obter cobertura pelo plano de saúde.
Neste ponto, cabe destacar que a reprodução assistida no Brasil é regida por uma legislação rígida, que define tópicos como idade máxima (50 anos), proibição da seleção de sexo, permissão do emprego das técnicas em casais homoafetivos, e permissão da doação de gametas entre parentes, dentre diversos outros. A tabela a seguir resume as principais normas éticas:
Formação em reprodução assistida
Para aqueles interessados em seguir uma carreira na reprodução assistida, a especialização é fundamental. Um excelente caminho é a residência médica em tal subespecialidade. Para tal, é necessário que o médico já tenha concluído a formação em ginecologia e obstetrícia, com duração de 3 anos. Terminada tal formação, este pode passar por outro processo seletivo, para as subespecialiades de ginecologia, e optar, caso o deseje, por cursá-la em reprodução assistida. Geralmente, tal processo seletivo é composto por uma prova teórica composta apenas por questões de ginecologia e obstetrícia, e por uma etapa de avaliação curricular e entrevista.
A residência médica em reprodução assistida tem duração de 2 anos. Ademais de tal caminho, outra opção para os médicos que desejam se especializar na área consiste nos cursos de pós-graduação e os fellows, constituídos, de modo semelhante à residência, de carga horária teórica e prática.
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Conclusão
Com a crescente demanda por tratamentos de fertilidade, a reprodução assistida se torna uma área de extremo impacto social e emocional. Para os profissionais de saúde, especializar-se nessa área é não apenas um passo em direção a uma carreira promissora, mas também uma oportunidade de proporcionar esperança e construir famílias.
Investir em educação continuada e prática avançada se faz necessário para atender com excelência a uma demanda que cresce a cada dia, representando uma luz no fim do túnel para muitos casais.
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