A Geriatria é uma especialidade médica dedicada ao estudo, prevenção e tratamento de doenças e ao processo de envelhecimento dos idosos. Trata-se de uma área médica que vai além do estudo de doenças, pois engloba a promoção de saúde, qualidade de vida e bem-estar dos idosos, respeitando suas limitações e potencialidades.
Neste artigo, abordaremos as áreas de atuação, rotina da residência e processo de seleção para ela, remuneração esperada, dentre outros tópicos essenciais sobre a Geriatria.
O que você vai ler neste artigo
O que é a Geriatria?
A Geriatria é uma especialidade médica que se dedica ao estudo, prevenção, diagnóstico e tratamento dos distúrbios e doenças que afetam os idosos. O geriatra é o profissional responsável por cuidar da saúde e bem-estar dos idosos, com foco especial nas alterações que ocorrem durante o processo de envelhecimento.
Com o aumento da expectativa de vida da população, a Geriatria torna-se uma especialidade cada vez mais relevante. Isso se deve ao fato de que o envelhecimento traz consigo uma série de mudanças fisiológicas e patológicas, que demandam uma abordagem específica e especializada.
Áreas de atuação em Geriatria
Atendimento clínico
Uma das principais áreas de atuação em Geriatria é o atendimento clínico. Nesse contexto, o geriatra é responsável por realizar avaliações geriátricas abrangentes, considerando aspectos físicos, mentais, funcionais e sociais do idoso. O objetivo é identificar possíveis problemas e desenvolver um plano de cuidados personalizado.
O geriatra acompanha o paciente em consultas regulares, monitorando sua saúde, prescrevendo medicamentos, realizando intervenções terapêuticas e fornecendo orientações sobre hábitos de vida saudáveis.
O atendimento clínico em geriatria possui um desafio adicional: as doenças, nos idosos, por vezes se manifestam com sinais e sintomas atípicos, que requerem atenção dos familiares e dos médicos para que não passem despercebidos – observe-os no quadro-resumo do livro digital do Estratégia MED:.
Um desafio adicional no cuidado dos pacientes idosos consiste na polifarmácia, o uso de grande número de medicamentos, que aumenta o risco de interações entre eles e de efeitos adversos. Algumas referências listam, nesse sentido, medicações cujo uso requer cautela em idosos, pelo risco aumentado de efeitos adversos; observe-as na tabela:
Cabe observar que tem crescido, nos últimos, a modalidade de atendimento domiciliar em geriatria, que facilita o acesso de pacientes idosos, com maiores limitações e comorbidades, ao geriatra, e amplia as possibilidades de trabalho da especialidade.
Cuidados paliativos
Dentre as áreas de atuação em Geriatria, destacam-se os cuidados paliativos, que têm passado por crescente valorização nos últimos anos. Tal área enfoca a diminuição de sofrimento de pacientes com doença avançada, com medidas que vão muito além do manejo farmacológico. Os geriatras podem atuar oferecendo suporte e cuidados especiais aos idosos em fase terminal, tanto no cenário ambulatorial, como em enfermarias e unidades de terapia intensiva.
Instituições de longa permanência
Os médicos geriatras são habilitados para o cuidado de idosos que moram em instituições de longa permanência. Por vezes, trata-se de pacientes com múltiplas comorbidades, que requerem assistência de uma equipe multidisciplinar, composta por enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e outros profissionais de saúde.
Nesse ambiente, são oferecidos cuidados complexos e integrados, visando a reabilitação e melhoria da qualidade de vida dos idosos. Os geriatras têm um papel fundamental na coordenação do cuidado e na tomada de decisões clínicas, garantindo a segurança e o bem-estar dos pacientes.
Ensino e pesquisa
Além do atendimento clínico, muitos geriatras se dedicam ao ensino e à pesquisa. Esses profissionais atuam em universidades, ministrando aulas e supervisionando estágios na área da Geriatria. Eles também desenvolvem pesquisas científicas, contribuindo para o avanço do conhecimento e aprimoramento das práticas em Geriatria.
A pesquisa na área da Geriatria é extremamente importante, pois ajuda a compreender melhor o envelhecimento e suas doenças associadas. A partir desses estudos, novas estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento podem ser desenvolvidas, melhorando a qualidade de vida dos idosos.
Residência Médica em Geriatria
A residência médica em Geriatria é uma importante especialização para profissionais da área da saúde que desejam se dedicar ao cuidado de idosos. Nessa especialidade, os médicos são preparados para lidar com as peculiaridades do envelhecimento e para promover a saúde e o bem-estar dessa população.
Requisitos para a residência em Geriatria
A especialização em Geriatria tem como requisito inicial a formação básica de residência em Clínica Médica, com duração de dois anos.
Posteriormente ao período de Clínica Médica, o profissional deve ser aprovado em um processo seletivo rigoroso para ingressar na residência específica de Geriatria, que terá duração mínima de dois anos, podendo ser seguida por residência complementar em subáreas, como os cuidados paliativos. O processo seletivo para a residência, como ocorre para as demais subespecialidades clínicas, inclui prova teórica, geralmente composta por questões de múltipla escolha, análise curricular e, em alguns casos, entrevistas e avaliações práticas.
Conteúdo programático da residência em Geriatria
Durante a residência em Geriatria, os médicos passam por uma formação abrangente que engloba diversos aspectos relacionados ao cuidado com o idoso. Entre os temas abordados, destacam-se:
- Avaliação multidimensional do idoso: os residentes aprendem a realizar uma avaliação completa do paciente idoso, considerando não apenas os aspectos clínicos, mas também os aspectos sociais, emocionais e funcionais. As consultas em geriatria, assim, destacam-se pela oportunidade de promoção e prevenção de saúde, já que abordam muitos aspectos de cada paciente: funcionalidade, capacidade de deambulação (risco de quedas), cognição, continência fecal e urinária, suporte social.
- Manejo das doenças crônicas: os médicos são treinados para lidar com as principais doenças crônicas que afetam os idosos, como diabetes, hipertensão, demências e osteoporose, com destaque para o cuidado com a polifarmácia e seus riscos.
- Reabilitação e cuidados paliativos: a residência em Geriatria também prepara os médicos para atuarem na reabilitação de idosos que sofreram algum tipo de incapacidade, bem como no cuidado de pacientes em estado terminal.
Rotina da Residência Médica em Geriatria
Durante a residência em Geriatria, a rotina é dividida sobretudo em atendimentos ambulatoriais em ambulatórios de subáreas da geriatria e em plantões de enfermaria. Adicionalmente, pode haver estágio de atendimentos de interconsultas e acompanhamento de cuidados paliativos a pacientes internados por outras especialidades,
As residências médicas em geral estruturam-se em rodízios de algumas semanas (usualmente, de 4 a 6 semanas), durante as quais os residentes concentram-se em atividades específicas. Como exemplos de rodízios, têm-se períodos em que os residentes se tornam responsáveis por cuidar dos pacientes de uma enfermaria durante o período da manhã e realizar atendimentos ambulatoriais à tarde, p.ex., em ambulatórios diversos: geriatria geral; idosos de alta dependência; idosos com demências; cuidados paliativos. Noutros rodízios, dedicam-se a realizar atendimentos de interconsultas e acompanhamento de cuidados paliativos a pacientes internados por outras especialidades.
Como ocorre nas residências das demais subespecialidades clínicas, é frequente que os residentes tenham que conciliar diversas funções, com crescente responsabilidade, tanto de evolução de pacientes internados, como cuidado de intercorrências e atendimentos em ambulatório em alguns períodos, o que eleva a dificuldade da residência.
No Brasil, a regulamentação vigente estipula a carga horária semanal de 60 horas para os programas de residência. De modo geral, as residências de geriatria costumam seguir tal carga horária, diferente do que ocorre, frequentemente, nos programas de residência de especialidades como cardiologia e hematologia, que incluem estágios de manejo de pacientes intensivos e maior número de plantões.
Como ingressar na Residência Médica em Geriatria
Etapas do processo seletivo
Inicialmente, é imprescindível que o candidato possua uma graduação em Medicina, além de registro ativo nos Conselhos Regionais ou Federal de Medicina. Em seguida, é necessário que o médico tenha concluído programa de residência em clínica médica, com duração de 2 anos.
Após isso, o acesso à residência em Geriatria por meio de processo seletivo, composto por diversas etapas, que podem variar conforme a instituição envolvida.
Em geral, como o processo realizado para o acesso às demais especialidades clínicas, a etapa inicial consiste em uma prova teórica, composta geralmente, por 100 questões de múltipla escolha. Uma vez que se trata de uma subespecialidade da clínica médica, tais questões são todas referentes à clínica médica – diferente do que ocorre no processo seletivo para especialidades de acesso direto, em que tal prova aborda outras áreas como cirurgia, pediatria, ginecologia e obstetrícia, e medicina preventiva, ademais das questões de clínica médica.
Adicionalmente a tal prova, os processos seletivos costumam avaliar o currículo dos candidatos. Em tal etapa, são avaliadas experiências como pesquisas científicas prévias, estágios e participação em congressos. Pode ser realizada também uma entrevista, em que aspectos curriculares são discutidos pelos avaliadores e características subjetivas dos candidatos podem ser avaliadas.
Diferentemente do que ocorre nos processos seletivos para residências de acesso direto, como para Clínica Médica, a realização de prova prática é menos comum em processos seletivos para subespecialidades como a Geriatria..
Critérios de avaliação
Para avaliação dos candidatos, os processos seletivos classificam-nos com notas em cada etapa, conforme descrito acima. Após isso, as notas de tais etapas compõem uma nota final, com a qual os candidatos são ordenados para classificação. De acordo com o número de vagas disponibilizadas pela instituição de interesse, os candidatos podem, então, ser aprovados para a residência médica.
Estratégias de Preparação
Para se destacar em um processo altamente competitivo, é recomendável que o candidato invista em uma preparação estratégica, que pode incluir:
- Participação em cursos preparatórios focados na residência médica;
- Simulados e análise de questões anteriores da instituição de interesse;
- Análise dos editais dos concursos de residência médica de interesse, que permite identificar os aspectos curriculares valorizados por eles; com isso, os candidatos podem apontá-los com clareza em seus currículo, aumentando as chances de receberem melhores pontuações em tal aspecto
Remuneração em Geriatria
O salário médio de um geriatra pode variar dependendo de diversos fatores, como região do país, experiência profissional, modalidade de trabalho e nível de formação. É importante ressaltar que esses valores são apenas uma média e podem variar significativamente para cima ou para baixo. Profissionais com maior experiência e qualificação, que atuem sobretudo na área privada, tendem a receber salários mais altos, assim como aqueles que trabalham em grandes centros urbanos.
Referências salariais na Geriatria
Abaixo, listamos algumas referências salariais obtidas dos sites Salario.com.br junto a dados oficiais do Novo CAGED, eSocial e Empregador Web. Como apontado acima é importante ressaltar que essas são apenas referências e os valores podem variar de acordo com diversos fatores.:
- Geriatra em instituições de saúde: R$ 8.000,00 a R$ 15.000,00 mensais.
- Geriatra em consultório particular: R$ 200,00 a R$ 500,00 por consulta.
- Geriatra em clínicas especializadas: R$ 6.000,00 a R$ 12.000,00 mensais.
- Geriatra em hospitais públicos ou privados: R$ 8.000,00 a R$ 15.000,00 mensais.
- Geriatra em pesquisa e desenvolvimento: R$ 6.000,00 a R$ 10.000,00 mensais.
Conclusão
A Geriatria é uma especialidade médica de vital importância, dada a relevância do cuidado com o idoso, especialmente em um contexto de crescente envelhecimento populacional. O profissional geriatra não apenas acompanha o envelhecimento saudável do paciente, mas também se ocupa da prevenção e do tratamento de doenças, garantindo uma melhor qualidade de vida à população idosa.
A carga horária, responsabilidades e recompensas financeiras variam, mas certamente a sensação de contribuir para a saúde e o bem-estar dos pacientes é uma das maiores gratificações. A residência médica em Geriatria pode constituir o fator essencial para oportunidades profissionais significativas, seja na atuação em hospitais, consultórios, instituições de longa permanência, e na forma de visitas domiciliares.
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