Hepatologia: o que é, residência, atuação, remuneração e mais!

Este artigo oferece um guia completo sobre a Hepatologia, abordando o conceito da especialidade, detalhes da residência médica, áreas de atuação e remuneração. Descubra como ingressar nessa especialidade, conheça a rotina intensa dos profissionais e explore as diversas oportunidades que o campo oferece, sempre focando em fornecer o suporte necessário para suas metas acadêmicas e aspirações profissionais.

O que é a Hepatologia?

A hepatologia é uma subespecialidade médica que se dedica ao estudo, diagnóstico e tratamento de doenças que afetam o fígado, a vesícula biliar, as vias biliares e o pâncreas. Faz parte da gastroenterologia, porém sua abordagem é ainda mais focada nos órgãos mencionados, dada a complexidade e a importância de suas funções no organismo humano. Assim, um hepatologista lida com condições diversas, desde hepatites virais até câncer de fígado, passando por cirrose hepática e doenças autoimunes do fígado.

A hepatologia desempenha um papel crucial na manutenção da saúde, dados os diversos problemas que podem afetar o fígado e outros órgãos associados. Entre as condições mais comumente tratadas pelos hepatologistas estão as hepatites B e C, a cirrose hepática e a doença hepática gordurosa não alcoólica. Além disso, a especialidade cobre doenças metabólicas e autoimunes que podem impactar o fígado. Essas condições podem ter implicações severas para a saúde geral, exigindo diagnóstico precoce e tratamento eficaz.

O tratamento das hepatites virais é uma das áreas de destaque dos hepatologistas. Dentre elas, a hepatite B destaca-se por aumentar o risco de evolução para carcinoma hepatocelular, mesmo sem ocorrência de cirrose – diferente do observado na hepatite C. 

Observe o Mapa Mental do Extensivo do Estratégia MED sobre esse tema:

Na prática, o hepatologista realiza e interpreta diversos exames, como biópsias hepáticas, ultrassonografias e endoscopias, essenciais para monitorar e tratar doenças do fígado. Além disso, esses profissionais colaboram em ambientes hospitalares, clínicas e centros de transplante, oferecendo uma gama de serviços que vão desde a avaliação inicial até o acompanhamento pós-operatório de transplantes hepáticos.

A prevalência crescente da síndrome metabólica tem colaborado para a maior importância da doença hepática gordurosa não-alcoólica. Tal doença tem se tornado a principal causa de cirrose hepática em países desenvolvidos, e abrange um espectro de manifestações:

Dado o escopo específico e o grau de especialização da hepatologia, a demanda por hepatologistas é crescente. No Brasil, há aproximadamente 5.500 médicos especializados nessa área, um número ainda considerado baixo em relação às necessidades de saúde da população. Com a constante evolução dos tratamentos e das tecnologias disponíveis, a hepatologia se mantém como uma área em expansão, oferecendo inúmeras oportunidades para médicos interessados em se especializar na saúde do fígado e sistemas associados.

Residência Médica em Hepatologia

Para ingressar na residência em Hepatologia, após a graduação, é necessário ingressar em uma residência em Clínica Médica, a qual dura dois anos. Durante esse período, os médicos residentes trabalham intensivamente com diversas vertentes da Medicina interna, adquirindo uma base sólida que é crucial para a especialização em Hepatologia.

Concluída a residência em Clínica Médica, há dois caminhos possíveis:

  • Em alguns serviços, é possível o ingresso direto na residência de Hepatologia, sem passar, antes, pela residência em Gastroenterologia – é o caso, p.ex., da residência na Faculdade de Medicina da USP-SP.
  • Outra opção consiste em realizar a residência em Gastroenterologia, com duração de 2 anos, seguida, após isso, por uma subespecialização, dessa vez em hepatologia. 

Especialização em Hepatologia

O programa de residência em Hepatologia pode durar entre um e dois anos, dependendo da instituição. Durante esta fase, os médicos são expostos a casos complexos relacionados ao fígado, pâncreas, vesícula biliar e vias biliares. Dentro deste treinamento, destaca-se a importância do reconhecimento da fisiopatologia das doenças hepáticas e a realização de procedimentos como biópsias hepáticas.

Estrutura do treinamento

O programa de Hepatologia é majoritariamente baseado em hospitais, visto que o tratamento das doenças hepáticas, dotado de maior complexidade, fica concentrado no nível terciário.

A residência é estruturada em estágios diversos:

  • Enfermaria de hepatologia – evolução de pacientes internados por quadros de hepatopatia descompensada, ou para investigação diagnóstica. As enfermarias podem se dividir em unidades mais gerais, e unidades dedicadas ao cuidado clínico de pacientes que passaram por transplante hepático.

Dentre os motivos mais frequentes de internação em Hepatologia, destacam-se as complicações da cirrose hepática.  Dentre elas, a síndrome hepatorrenal, uma das causas lesão renal aguda em tais pacientes, constitui um frequente desafio diagnóstico, e alvo de questões de residência médica.

Observe a tabela com os critérios diagnósticos de tal síndrome, retirada do extensivo do Estratégia MED.

O cuidado de pacientes que passaram por transplante hepático é complexo, e envolve tanto cirurgiões – gastrocirurgiões subespecializados na área –, como hepatologistas. e requer a atuação em grandes centros hospitalares, habilitados em tal prática.

As indicações de transplante hepático são específicas e dependem do grau de morbidade da doença hepática dos pacientes. Em destaque, observe na tabela abaixo as situações clínicas com prioridade para transplante hepática, cobradas pelas provas de residência médica:

  • Atendimento ambulatorial – geralmente em ambulatórios dedicados a patologias específicas: hepatites autoimunes; hepatites virais; carcinoma hepatocelular; etc.
  • Realização de procedimentos – ultrassonografia hepática e biópsia hepática destacam-se neste ponto.

A carga horária da residência, ainda que seja estipulada em 60 horas semanais, comumente ultrapassa tal limite, considerando a presença de atividades teóricas e a necessidade de estudo e atualização.

Áreas de atuação em Hepatologia

Hospitais

Nos hospitais, os hepatologistas desempenham um papel crucial no atendimento a pacientes com doenças hepáticas. Eles não apenas atuam nas enfermarias atendendo casos agudos e complexos, mas também são fundamentais nas unidades de transplante de fígado. Nesses ambientes, cabe a esses especialistas avaliar candidatos ao transplante, participar de procedimentos cirúrgicos complexos e acompanhar o pós-operatório, garantindo que o paciente receba o melhor cuidado possível.

Clínicas e consultórios

Atuar em clínicas e consultórios permite que os hepatologistas ofereçam um acompanhamento contínuo e preventivo aos seus pacientes. Nessas consultas, o foco é o monitoramento de doenças hepáticas diversas, como as hepatites virais e a cirrose. Esse contato regular é essencial para a detecção precoce de complicações e ajustamento do tratamento conforme a necessidade de cada paciente.

Centros de pesquisa

A hepatologia é uma área que constantemente evolui com novas descobertas e tratamentos. Muitos hepatologistas encontram oportunidades em centros de pesquisa, dedicando-se ao estudo das doenças hepáticas e ao desenvolvimento de novos tratamentos e terapias. Essa atuação não só contribui para o avanço do conhecimento científico, mas também melhora as práticas clínicas, beneficiando pacientes em todo o mundo.

Remuneração em Hepatologia

Ao optar por uma carreira em Hepatologia, uma subespecialidade da Gastroenterologia, é vital considerar as perspectivas salariais para alinhar expectativas profissionais e financeiras. É importante destacar que a remuneração em Hepatologia pode variar amplamente com base em fatores como experiência do médico, local de trabalho e procedimentos realizados.

Os dados sobre médias salariais médicas no Brasil são escassos. Segundo os dados disponíveis, para os hepatologistas que atuam no Brasil, a média salarial mensal pode alcançar R$ 7.043,68 para uma carga horária de 16 horas semanais. Este valor é uma base inicial, e inclui uma carga horária muito abaixo daquela à qual os médicos geralmente se dedicam – assim, na prática, sabemos que o ganho mensal costuma ser bem superior. 

De acordo os mesmos dados, com o avançar da carreira, a média fica mais próxima R$ 20.788,05, demonstrando o potencial de aumento significativo na carreira.

Além da experiência, a área geográfica de atuação é um fator crucial. Grandes centros urbanos, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, geralmente oferecem salários mais elevados devido à maior demanda e custo de vida. No entanto, há uma escassez de especialistas em Hepatologia em regiões menos desenvolvidas, o que pode representar oportunidades lucrativas e menos competitivas para novos médicos que optam por se estabelecer nessas áreas.

Ao analisar a remuneração, é essencial considerar também as diversas formas de atuação da especialidade. Os hepatologistas não limitam seu trabalho a consultas, mas também são responsáveis por realizar exames específicos, como biópsias hepáticas e endoscopias, o que pode contribuir significativamente para a composição de sua remuneração total. Esses procedimentos especializados frequentemente reforçam o potencial de ganhos adicionais, dado o nível de complexidade envolvido

Como ingressar na Residência Médica em Hepatologia

Inicialmente, é imprescindível que o candidato possua uma graduação em Medicina, além de registro ativo nos Conselhos Regionais ou Federal de Medicina. Em seguida, é necessário que o médico tenha concluído programa de residência em clínica médica, com duração de 2 anos.

Após isso, como vimos acima, o candidato pode tentar o acesso direto a uma residência em Hepatologia, ou realizar, inicialmente, a especialização em Gastroenterologia Clínica. Independente do caminho escolhido, o acesso à residência em Hepatologia se dá por meio de processo seletivo, composto por diversas etapas, que podem variar conforme a instituição envolvida. 

Como o processo realizado para o acesso às demais especialidades clínicas, a etapa inicial consiste em uma prova teórica, composta geralmente, por 100 questões de múltipla escolha. Uma vez que se trata de uma subespecialidade da clínica médica, tais questões são todas referentes à clínica médica – diferente do que ocorre no processo seletivo para especialidades de acesso direto, em que tal prova aborda outras áreas como cirurgia, pediatria, ginecologia e obstetrícia, e medicina preventiva, ademais das questões de clínica médica.


Adicionalmente a tal prova, os processos seletivos costumam avaliar o currículo dos candidatos. Em tal etapa, são avaliadas experiências como pesquisas científicas prévias, estágios e participação em congressos. Pode ser realizada também uma entrevista, em que aspectos curriculares são discutidos pelos avaliadores e características subjetivas dos candidatos podem ser avaliadas.

Diferentemente do que ocorre nos processos seletivos para residências de acesso direto, como para Clínica Médica, a realização de prova prática é menos comum em processos seletivos para subespecialidades como a Hepatologia.

Critérios de avaliação

Para avaliação dos candidatos, os processos seletivos classificam-nos com notas em cada etapa, conforme descrito acima. Após isso, as notas de tais etapas compõem uma nota final, com a qual os candidatos são ordenados para classificação. De acordo com o número de vagas disponibilizadas pela instituição de interesse, os candidatos podem, então, ser aprovados para a residência médica.

Estratégias de Preparação

Para se destacar em um processo altamente competitivo, é recomendável que o candidato invista em uma preparação estratégica, que pode incluir:

  • Participação em cursos preparatórios focados na residência médica;
  • Simulados e análise de exames de seleção anteriores da instituição de interesse;
  • Análise dos editais dos concursos de residência médica de interesse, que permite identificar os aspectos curriculares valorizados por eles; com isso, os candidatos podem apontá-los com clareza em seus currículo, aumentando as chances de receberem melhores pontuações em tal aspecto

Conclusão

A Hepatologia é uma subespecialidade da Gastroenterologia, focada no estudo, diagnóstico e tratamento de doenças relacionadas ao fígado, pâncreas, vesícula biliar e vias biliares. A formação em Hepatologia requer completar a graduação em Medicina, seguida de residência em Clínica Médica, e, após, Gastroenterologia, ou acesso direto à Hepatologia, em alguns programas. Profissionais desta especialidade encontram variadas oportunidades de atuação, tanto em ambientes hospitalares quanto em clínicas privadas. A remuneração é atraente, com ganhos que variam dependendo da complexidade e do número de procedimentos realizados, tornando a Hepatologia uma opção de carreira promissora e cheia de desafios.

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