Endoscopia: formação, atuação, residência e mercado de trabalho

A endoscopia é uma especialidade médica que ganhou destaque significativo devido à sua capacidade de diagnosticar e tratar diversas condições internas do corpo de maneira menos invasiva. Utilizando-se de um endoscópio, um dispositivo flexível equipado com câmera e luzes, os médicos podem visualizar órgãos internos em tempo real e realizar intervenções precisas. Esta técnica é essencial para uma série de procedimentos, como endoscopia digestiva alta e colonoscopia, e contribui para um diagnóstico precoce e tratamentos eficazes.

Esta carreira fascinante exige uma formação rigorosa, incluindo residência em clínica médica, cirurgia geral ou básica, seguida por especialização em endoscopia. Com um mercado de trabalho promissor, impulsionado pelo envelhecimento da população e avanços tecnológicos, os endoscopistas encontram diversas oportunidades em instituições de saúde. Além disso, a remuneração atrativa e a possibilidade de atuação em diferentes nichos tornam essa especialidade uma excelente escolha para médicos em busca de uma carreira dinâmica e impactante.

O que é a endoscopia?

A endoscopia é uma técnica médica que possibilita a visualização direta do interior do corpo humano sem a necessidade de cirurgias invasivas. Utilizando um dispositivo flexível chamado endoscópio, que inclui uma câmera de alta definição e luzes, os médicos conseguem observar órgãos internos em tempo real. Esta prática tem se mostrado essencial no diagnóstico e tratamento de várias condições médicas, fornecendo insights precisos e permitindo intervenções precoces.

Procedimentos endoscópicos

Existem diversos procedimentos endoscópicos aplicados de acordo com a área do corpo a ser examinada:

• Gastroscopia: Utilizada para inspecionar o esôfago, estômago e duodeno.
• Colonoscopia: Aplicada na avaliação do reto e do cólon.
• Broncoscopia: Usada para visualizar o interior das vias aéreas e pulmões.
• Cistoscopia: Indicada para examinar a bexiga e a uretra.

O manejo dos casos de hemorragia digestiva alta (HDA) consiste em um dos pontos de destaque dos médicos endoscopistas. Por meio da endoscopia digestiva alta, o endoscopista pode identificar a causa da HDA e já promover seu tratamento endoscópico. A úlcera péptica destaca-se como principal causa de HDA não-varicosa, ou seja, não causada por varizes esofágicas. Observe o trecho do Extensivo do Estratégia MED com imagens de endoscopia da classificação de Forrest da úlcera péptica.

Ademais da endoscopia digestiva alta, a broncoscopia destaca-se como uma técnica minimamente invasiva empregada sobretudo no diagnóstico de doenças pulmonares diversas – com destaque para neoplasias endobrônquicas e doenças infecciosas.

Observe a imagem do Extensivo do Estratégia MED ilustrativa de tal procedimento:

Esses procedimentos são minimamente invasivos e proporcionam diagnósticos precisos, contribuindo significativamente para a escolha do melhor tratamento para os pacientes.

A endoscopia é utilizada para diversos fins, tais como:

• Diagnóstico: Identificar a presença de condições como úlceras, tumores, inflamações e outras anomalias.
• Tratamento: Remover pólipos, coagular áreas de sangramento, dilatar estruturas estreitas, entre outros.
• Monitoramento: Acompanhar a evolução de determinadas condições médicas ao longo do tempo.

Além disso, a coleta de biópsias e amostras de tecido durante a endoscopia permite análises

A endoscopia se tornou indispensável na prática médica contemporânea. Além de sua ampla utilização na gastroenterologia, sua aplicação se estende a outras especialidades como pneumologia e urologia. A demanda por profissionais qualificados nessa área continua a crescer, especialmente devido ao envelhecimento da população e à necessidade de diagnósticos precisos e tratamentos menos invasivos.

Formação na área de endoscopia

Para se tornar um endoscopista, é necessário seguir um caminho de formação específico. Após conclusão da graduação em medicina e residência em clínica médica ou cirurgia geral, o profissional deve completar um programa de residência médica em endoscopia. Esse programa, com duração de dois anos, combina treinamento teórico e prático em centros de especialização credenciados pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED).

A residência médica em endoscopia

Requisitos para a residência médica em endoscopia

Para ingressar na residência médica em endoscopia, o candidato precisa ser graduado em medicina e ter completado residência prévia em clínica médica ou cirurgia geral. Este pré-requisito garante que o médico já possui uma base sólida de conhecimentos médicos essenciais ao aprofundamento nas técnicas endoscópicas.

Estrutura do programa de residência

O programa de residência médica em endoscopia possui duração de dois anos. Durante este período, os residentes recebem treinamento teórico e prático intensivo em centros de especialização credenciados pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED). Estes centros estão distribuídos em todo o país, com mais de 40 unidades oferecendo treinamento de qualidade. No estado de São Paulo, por exemplo, destacam-se os programas de residência oferecidos pelo Hospital Sírio-Libanês, pelo Hospital das Clínicas (HCFMUSP) e pela Unicamp.

Ensino teórico

O currículo teórico inclui aulas sobre a anatomia e fisiologia dos órgãos internos, patofisiologia das doenças enfrentadas, protocolos de segurança e higiene, bem como o manejo de complicações durante os procedimentos. As diretrizes práticas e éticas também são parte fundamental da formação.

Prática supervisionada

Os residentes realizam procedimentos endoscópicos sob supervisão contínua, proporcionando uma experiência prática abrangente. Esta prática inclui a realização de gastroscopias, colonoscopias, broncoscopias, entre outros, permitindo ao residente desenvolver destreza técnica e um olhar clínico apurado.

Desafios e competências desenvolvidas

Os residentes enfrentam desafios significativos, como a manipulação de equipamentos de alta tecnologia, interpretação precisa das imagens geradas e a execução de intervenções terapêuticas minimamente invasivas. Ao longo da residência, os médicos desenvolvem habilidades técnicas, de diagnóstico, de manejo de complicações e de comunicação com os pacientes.

Avaliação e certificação

Ao final dos dois anos de residência, os médicos têm a possibilidade de obter a certificação como especialistas em endoscopia, emitida pela SOBED, por meio de um concurso.

Mercado de trabalho e remuneração

A endoscopia é uma especialidade médica em crescimento e com uma demanda crescente por profissionais qualificados. Segundo o estudo Demografia Médica no Brasil de 2023, existem 4.365 endoscopistas no país. A técnica é amplamente utilizada em diversas áreas médicas, como gastroenterologia, pneumologia e urologia, aumentando a necessidade de especialistas em diferentes campos. 

Fatores como o envelhecimento da população, o desenvolvimento de avanços tecnológicos e a possibilidade de integração com outras especialidades contribuem para a valorização da área.

Os dados sobre a remuneração para os médicos especialistas em endoscopia no Brasil, como ocorre para a maioria das especialidades, são escassos. De acordo com dados do salario.com.br, informados a partir do Novo CAGED, eSocial e Empregador Web, a faixa salarial do endoscopista se encontra entre R$ 6.410,50 e R$ 13.926,49.

É comum que os médicos endoscopistas não tenham tal procedimento como único componente de sua rotina, optando, na maioria das vezes, por conciliá-lo à rotina de atendimentos ambulatoriais, plantões ou, para os cirurgiões, de agenda de cirurgias. Os procedimentos endoscópicos são mais comumente utilizados como uma fonte complementar de renda, que pode atingir maiores valores a depender do convênio médico e da atuação privada.

Como pontos negativos da área, destaca-se o alto custo para a aquisição de aparelhos e a necessidade, em geral, de atuação em centros de média a alta complexidade, que podem não ser o tipo de trabalho preferencial de alguns médicos.

Desafios da área

Além das oportunidades, a carreira na endoscopia apresenta desafios que os profissionais devem enfrentar, tais como:

• Mudanças regulatórias: É fundamental estar atualizado com as diretrizes e regulamentações do setor de saúde.
• Horários irregulares: A necessidade de realização de procedimentos de emergência pode resultar em jornadas de trabalho irregular, caso o médico opte por atuar em esquema de plantão de endoscopia. Caso prefira a atuação ambulatorial, esse pode não ser um problema.
• Atualização constante: A evolução técnica demanda que os endoscopistas estejam continuamente aprimorando suas habilidades e conheçam as novas práticas e tecnologias da área.

Conclusão

A especialidade de endoscopia representa uma junção crucial entre tecnologia médica avançada e habilidades clínicas detalhadas, oferecendo diagnósticos e tratamentos minimamente invasivos de alta precisão para diversas condições internas do corpo.

Trata-se de uma especialidade dependente de alto grau de especialização e que requer atualização constante do médico, mas que traz consigo oportunidades de remuneração atraente, à medida que permite o acréscimo salarial com a realização de procedimentos.

Como pontos negativos da área, têm-se o alto custo para a aquisição de aparelhos e a maior necessidade, em geral, de atuação em centros de média a alta complexidade, que podem não ser o tipo de trabalho preferencial de alguns médicos.