Medalhas de ouro em olimpíadas científicas não são fruto do acaso – são conquistadas com disciplina, estratégia e paixão pelo conhecimento. Diogo Andrade Acioli, com apenas 13 anos, alcançou o feito impressionante de conquistar medalhas de ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) e na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), ambas com pontuação máxima, e compartilhou os bastidores dessa conquista notável.
Para milhares de estudantes que sonham em chegar longe com suas notas, conquistar vagas nas maiores universidades do Brasil e até do exterior, entender a rotina e o preparo de um campeão olímpico é como ter um mapa para o caminho da excelência acadêmica.
O que você vai ler neste artigo
Início da trajetória nas olimpíadas de matemática
Diogo iniciou sua jornada olímpica aos 11 anos, quando ainda cursava o sexto ano do ensino fundamental. Estudante do Colégio Militar em Recife, foi incentivado inicialmente pela escola a participar da Olimpíada Canguru. Sem muito preparo formal na época, brilhou com um ouro logo na primeira tentativa. Esse resultado abriu portas: passou a integrar as turmas olímpicas do colégio GGE e do curso do professor Cícero, voltado especificamente para a OBM.
Desde então, colecionou não apenas medalhas, mas também aprendizados valiosos. Participou ativamente da OBM, OBMEP, Olimpíada de Maio (competição internacional com foco em raciocínio lógico e matemática criativa) e da Jacob Palis Jr., com resultados impecáveis. Em 2024, Diogo alcançou o topo ao conquistar pontuação máxima em três das mais prestigiadas olimpíadas de matemática do Brasil.
Como é a rotina de um campeão?
Uma rotina olímpica exige dedicação extrema, mas, como revela Diogo, não é algo inatingível. Durante a semana, ele combina as aulas regulares da escola com aulas preparatórias à tarde e à noite. Atualmente, seus dias de menor carga de estudo são às segundas-feiras.
Nos fins de semana e feriados, as horas são preenchidas com resolução de questões, revisão de provas anteriores e leitura de livros especializados. Em média, estuda de 4 a 6 horas por dia fora do horário de aula, dependendo da disposição e intensidade da sessão.
A constância, para ele, é a chave. “Nunca tive um horário fixo, mas sempre fui consistente. Quando estou focado, resolvo exercícios até cansar”, afirmou.
A prática leva à medalha
Na matemática, como em qualquer área de desempenho de excelência, a prática frequente é fundamental. Diogo destaca a importância de resolver inúmeras questões de edições passadas da OBM, OBMEP e de outras competições. Ele considera esse treinamento essencial não apenas para dominar o conteúdo, mas também para desenvolver maturidade na escrita das soluções, algo que frequentemente é negligenciado por estudantes olímpicos iniciantes.
Para escrever bem em matemática, ele recomenda adotar uma abordagem de “explicação didática”, como se estivesse ensinando o raciocínio ao leitor – algo que aprendeu com a experiência em redações argumentativas durante sua preparação para concursos militares. “Sempre treino para me comunicar com clareza. Não basta saber, é preciso mostrar com precisão cada passo.”
Ferramentas que fizeram a diferença
Entre os recursos utilizados por Diogo, o banco de questões da Estratégia foi apontado como um dos principais instrumentos de aprendizagem. Ele ressaltou que esse recurso não apenas facilita o acesso a boas questões, mas oferece explicações completas, que o ajudaram a vencer o medo das provas e a se sentir cada vez mais seguro.
Além disso, destaca o curso preparatório do professor Cícero como essencial no aprofundamento de temas mais avançados. “Mesmo estando no nível 1, estudei com os conteúdos do nível 2 para me antecipar”, disse. A versatilidade e organização modular desses cursos permitem que alunos avancem em ritmo próprio, acompanhando aulas ao vivo ou gravadas.
As áreas preferidas e os maiores desafios
Questionado sobre a sua área favorita dentro da matemática olímpica, Diogo não hesita: “Geometria.” Segundo ele, as soluções sintéticas, que envolvem construções elegantes e argumentos visuais, despertam maior interesse. No entanto, ele reconhece o valor das soluções por meio de trigonometria e geometria analítica – importantes especialmente quando as ideias geométricas não fluem na hora da prova.
Com combinatória e álgebra, mantém uma relação de respeito e prática constante, enquanto teoria dos números é sua menor afinidade, embora siga estudando por reconhecer sua importância estratégica.
Fontes de estudo que todo aluno olímpico deveria conhecer
Entre os livros recomendados por Diogo para quem almeja o topo, destaca-se o “Euclidean Geometry in Mathematical Olympiads”, de Evan Chen – considerado por muitos a bíblia da geometria olímpica. Outro título citado foi o “Problemas Selecionados e Comentados de Teoria dos Números”, de Carlos B. Gugu, como referência fundamental em teoria dos números.
Para iniciantes, ele recomenda o livro do Professor Armando, que traz uma introdução clara e propósito prático, além dos cursos modulares com abordagens organizadas por tema e nível de dificuldade.
A importância da Semana Olímpica
Participante assíduo das Semanas Olímpicas – eventos que reúnem os medalhistas da OBM para uma imersão em aulas avançadas – Diogo vê nesses encontros uma oportunidade única. “Você troca ideias com professores de todo o Brasil e convive com pessoas que também estão se dedicando profundamente. Isso amplia seu repertório e sua inspiração”, contou.
Para ele, a convivência com nomes experientes, inclusive colegas que participaram da IMO (Olimpíada Internacional de Matemática), é transformadora. É nesse ambiente que muitos estudantes ganham clareza sobre o que precisam fazer para atingir níveis ainda mais altos.
Sonhos maiores: rumo à IMO e universidades internacionais
O maior objetivo de Diogo está definido: representar o Brasil na IMO. Sabe que para isso terá que passar pelas exigentes seletivas nacionais e manter seu desempenho excepcional ao longo dos próximos anos.
Mas a olimpíada de matemática não é seu único foco. Ele também mira universidades internacionais e planeja usar sua trajetória olímpica como parte do seu processo de candidatura. “As medalhas contam pontos em universidades como Harvard, MIT e Stanford. E essa é a porta que quero abrir, com esforço e estratégias claras”, afirmou.
Ele também está atento à crescente valorização das medalhas científicas no processo de ingresso em universidades brasileiras. Como exemplo, cita a USP, que neste ano destinou quatro vagas de Medicina especificamente para medalhistas olímpicos.
Para quem está começando agora: o conselho do medalhista
A pergunta final da entrevista foi direta: o que você diria para um estudante que quer começar a competir, mas sente medo ou insegurança?
A resposta veio rápida:
“Você não precisa ser um gênio. Basta praticar muito e com seriedade. Resolva provas antigas, estude livros confiáveis e siga aprendendo com erros. Com dedicação, tudo é possível.”
Diogo mostrou que mais do que decoreba, talento ou dom natural, os verdadeiros campeões olímpicos são moldados por rotina e foco. Seus resultados, sua disciplina e sua paixão pela matemática são agora inspiração nacional para toda uma nova geração de estudantes que sonha com medalhas, universidades e um futuro brilhante.
Cursos Matemática Olímpica
Matemática Olímpica – Nível 3
Matemática Olímpica – Nível 2
Matemática Olímpica – Nível 1
Matemática Olímpica Mirim 2
Matemática Olímpica Mirim 1
Matemática Olímpica Avançada – Nível 3
Matemática Olímpica Avançada – Nível 2
Matemática Olímpica Avançada – Nível 1
Leia também:
- Caminhos para ser aprovado em olimpíadas de matemática
- Como funciona o preparatório para OBMEP e OBM
- Como Luiza Temponi conquistou mais de 80 medalhas em olimpíadas científicas
- Medalhista de prata na OBMEP revela trajetória e desafios nos estudos
- Por que participar das olimpíadas de matemática
- Projeto olímpico de matemática: saiba tudo sobre a OBMEP