A angiologia é uma especialidade médica dedicada ao diagnóstico e tratamento de doenças vasculares. Além das oportunidades de intervenções cirúrgicas e minimamente invasivas, a angiologia oferece uma área de atuação dinâmica e desafiadora.
Neste artigo, vamos detalhar os requisitos e passos da residência, destacar as principais áreas clínicas em que um angiologista pode atuar, além de fornecer uma visão abrangente sobre o mercado de trabalho e a remuneração média desse profissional.
O que você vai ler neste artigo
Residência médica em angiologia
A residência médica em angiologia no Brasil é um passo crucial para aqueles que desejam se especializar no estudo e tratamento das doenças relacionadas ao sistema vascular.
Esta especialização envolve tanto o entendimento teórico quanto o aprendizado prático de várias técnicas e procedimentos que visam cuidar dos vasos sanguíneos, prevenindo complicações graves como tromboses, embolias e outras doenças circulatórias.
Pré-requisitos e duração da residência
Desde 2020, a residência em angiologia passou a exigir um acesso indireto, o que significa que o candidato precisa ter completado dois anos de clínica médica antes de iniciar esse programa. Portanto, a residência em angiologia tem duração total de quatro anos, sendo os dois primeiros focados em clínica médica e os dois últimos dedicados exclusivamente à angiologia.
Estrutura do programa de residência
O programa de residência médica em angiologia é formulado para proporcionar uma experiência abrangente.
- Ambulatórios: Os residentes atendem pacientes em consultórios, acompanhando casos desde os mais simples até os mais complexos.
- Centros cirúrgicos: Participação em cirurgias de menor complexidade que envolvem técnicas vasculares, como escleroterapia – diferente da cirurgia vascular, que enfoca cirurgias mais complexas e de maior porte.
- Exames complementares: Uso de tecnologias avançadas como eco doppler, angiografia, ressonância magnética e tomografia computadorizada para diagnóstico de doenças vasculares.
Diferente da residência em cirurgia vascular, que enfoca a realização de procedimentos cirúrgicos e tem como pré-requisito a formação em cirurgia geral, a angiologia apresenta um enfoque na prevenção, diagnóstico e manejo clínico das doenças vasculares.
As residências médicas em geral estruturam-se em rodízios de algumas semanas (usualmente, de 4 a 6 semanas), durante as quais os residentes concentram-se em atividades específicas. Na angiologia, p.ex., como exemplos de rodízios, têm-se períodos em que os residentes se tornam responsáveis por cuidar dos pacientes de uma enfermaria durante o período da manhã e realizar atendimentos ambulatoriais à tarde; noutros rodízios, dedicam-se a realizar exames complementares.
Pesquisa e desenvolvimento acadêmico
Um aspecto fundamental das residências médicas consiste na possibilidade do residente atuar com pesquisa científica. As oportunidades variam conforme o tipo de programa – p.ex., programas de residência em hospitais públicos tendem a ter mais oportunidades de pesquisa, já que grande parte dos professores e médicos contratados têm parte de sua carga de trabalho dedicada a tais atividades..
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Áreas de atuação na angiologia
Diagnóstico na angiologia
Para diagnosticar doenças vasculares, os angiologistas utilizam uma variedade de ferramentas e técnicas avançadas. Estas tecnologias permitem avaliar de maneira precisa e detalhada o sistema vascular, identificando anormalidades no fluxo sanguíneo, obstruções arteriais, trombos venosos e outras alterações vasculares. Entre os principais métodos diagnósticos empregados estão:
- Eco Doppler: Exame de ultrassom que avalia o fluxo sanguíneo nas artérias e veias.
- Angiografia: Um procedimento invasivo onde um contraste é injetado no sangue para visualizar os vasos em radiografias.
- Ressonância magnética e tomografia computadorizada: Utilizadas para obter imagens detalhadas do sistema vascular.
- Radiografia: Técnica tradicional que pode ser usada para detectar aneurismas.
- Cintilografia: Técnica que usa substâncias radioativas para visualizar o fluxo sanguíneo.
- Capilaroscopia: Avalia os pequenos vasos sanguíneos, geralmente na área das unhas.
Tratamento clínico
Após o diagnóstico, os angiologistas são responsáveis por definir e implementar o tratamento adequado para cada paciente. O tratamento pode ser clínico, recorrendo a medicamentos, ou pode envolver procedimentos invasivos e minimamente invasivos. De modo geral, o angiologista tem formação clínica e, portanto, dedica-se ao manejo clínico das doenças vasculares, não à realização de procedimentos cirúrgicos.
Um dos pontos mais frequentes da rotina do angiologista consiste no cuidado dos pacientes com úlceras de membros inferiores, que têm como uma das causas principais a insuficiência venosa crônica. Uma das dúvidas mais frequentes em tais casos consiste em definir se a úlcera apresentada pelo paciente tem origem em problema arterial ou venoso; tal dúvida é frequente tanto na prática clínica, como nas questões das provas de residência, e pode ser esclarecida pela avaliação de algumas características da lesão do paciente – observe a tabela abaixo, presente no livro digital de Cirurgia Vascular do Extensivo do Estratégia Med, que esclarece tal questão.
Característica | Úlcera Venosa | Úlcera Arterial |
---|---|---|
LOCALIZAÇÃO | Face medial da perna (mais comum) | Distal, sem localização específica |
DOR | Pouco ou moderadamente dolorosa Dor melhora com a elevação do membro | Muito dolorosa Dor melhora com membro pendente |
EXSUDATO | Muito exsudativa, com piora da exsudação em ortostase | Pouco exsudativa |
BORDAS | Bordas elevadas e irregulares | Bordas rasas com margem bem definida |
PULSOS | Geralmente presentes | Reduzidos ou ausentes |
EDEMA | Presente | Geralmente ausente |
OUTRAS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS | Lipodermatoesclerose e hiperpigmentação cutânea Comum história pregressa de TVP | História clínica de claudicação intermitente ou dor isquêmica em repouso |
Tratamento cirúrgico
Nos cenários mais complexos, a colaboração do angiologista com cirurgiões vasculares se torna vital. Entre os procedimentos realizados por tais médicos, encontram-se
- Bypass arterial: Técnica usada para criar um caminho alternativo para o fluxo sanguíneo em segmentos arteriais obstruídos.
- Endarterectomia: Procedimento que remove o revestimento interno da artéria, onde há acúmulo de placas ateroscleróticas.
- Cirurgia de aneurisma: Remoção ou reparo de áreas dilatadas dos vasos sanguíneos, que correm o risco de ruptura.
Prevenção e acompanhamento
A prevenção também é uma área significativa dentro da angiologia. Angiologistas trabalham ativamente em campanhas de prevenção de doenças vasculares, especialmente em grupos de risco, como pacientes com diabetes, hipertensão ou fumantes. O acompanhamento de pacientes crônicos é igualmente crucial, garantindo que o tratamento esteja surtindo os efeitos desejados e ajustando-o se necessário.
Mercado de trabalho e remuneração
A angiologia é uma especialidade médica com potencial de crescimento no Brasil. Apesar de ainda contar com um número relativamente pequeno de profissionais, essa área tem o potencial de demonstrar uma demanda crescente, especialmente em regiões metropolitanas e capitais, onde a concentração de especialistas é mais alta. A rotina de trabalho dos profissionais costuma ser centrada no atendimento ambulatorial e na realização de exames complementares.
Como pontos negativos, deve-se considerar que se trata de especialidade pouco conhecida – quando pensam em tratar problemas vasculares, a maioria dos indivíduos (médicos, inclusive) opta por procurar cirurgiões vasculares, e não angiologistas.
Demografia dos profissionais
De acordo com os dados mais recentes da Demografia Médica de 2023, o Brasil possui 1.659 médicos angiologistas. Esse número representa apenas 0,3% do total de especialistas médicos no país. Os angiologistas estão majoritariamente concentrados na região sudeste, que abriga 42,0% dos profissionais. Além disso, considerando todas as regiões do Brasil, 66,1% desses médicos estão nas capitais, 28,7% no interior e 5,2% em regiões metropolitanas.
Remuneração
Como ocorre para a maioria das especialidades médicas, os dados disponíveis sobre a remuneração dos angiologistas no Brasil são escassos e, portanto, devem ser analisados com cautela. Segundo o site Salário.com.br, dados provenientes do Novo CAGED, eSocial e Empregador Web revelam que um médico angiologista ganha em média R$ 5.950,59 para uma jornada de 18 horas semanais. O teto salarial pode chegar a R$ 13.311,61, dependendo da experiência e local de atuação. A cidade do Rio de Janeiro se destaca como a que mais oferece oportunidades de emprego para angiologistas.
Conclusão
A angiologia se destaca como uma especialidade médica essencial, abrangendo uma vasta gama de patologias vasculares e oferecendo diversas oportunidades de atuação. A residência médica em angiologia, com seus dois anos iniciais de clínica médica seguidos por mais dois anos dedicados à especialidade, proporciona aos médicos uma formação robusta, envolvendo procedimentos diagnósticos e terapêuticos avançados. Esse treinamento intensivo é crucial para adquirir as habilidades técnicas e o conhecimento necessário para prosperar na prática clínica e cirúrgica da angiologia.
Com o aumento da prevalência das doenças vasculares, a angiologia pode apresentar um mercado de trabalho promissor, os angiologistas encontram oportunidades tanto em grandes centros urbanos quanto em regiões menos atendidas. Como principal ponto negativo, trata-se de uma especialidade pouco conhecida e com menos possibilidade de atuação com procedimentos, comparativamente à cirurgia vascular.
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