As figuras de sintaxe, também conhecidas como figuras de construção, desempenham um papel fundamental na elaboração dos textos, proporcionando maior riqueza expressiva e complexidade estrutural às frases.
Cada figura de sintaxe traz uma forma peculiar de organizar as palavras e elementos dentro da oração, conferindo um estilo único e muitas vezes ressaltando efeitos específicos na comunicação. Vamos explorar as principais figuras de sintaxe que enriquecem a língua portuguesa.
O que você vai ler neste artigo
Pleonasmo
Pleonasmo fácil
O pleonasmo ocorre quando há uma abundância de palavras que reiteram a mesma ideia. Um exemplo é quando se busca reproduzir a linguagem popular: “Entra pra dentro, Carlinhos.” (José Lins do Rego). Esse tipo de construção adiciona ênfase e clareza, embora seja considerado pleonástico.
Objeto pleonástico
Para dar destaque ao objeto direto, pode-se colocá-lo no início da frase e repeti-lo com um pronome: “Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.” (Mário Quintana). Essa técnica realça a importância do objeto na oração.
Hipérbato
O hipérbato consiste na intercalação de um membro frásico, separando palavras que pertencem ao mesmo sintagma. Por exemplo, “Que arcanjo teus sonhos veio. Velar, maternos, um dia?” (Fernando Pessoa). Aqui, a ordem natural das palavras é alterada, criando um efeito de surpresa ou suspense na frase.
Anástrofe
A anástrofe é uma inversão que antepõe o determinante (preposição + substantivo) ao determinado: “Vingai a pátria ou valentes / Da pátria tombai no chão!” (Fagundes Varela). Essa construção altera a ordem direta para destacar certos elementos da frase.
Elipse
A elipse envolve a omissão de termos ou expressões subentendidos na frase.
Tipos de elipse
- Elipse do sujeito: “Maria foi até o quarto. Acendeu a luz, olhou a cama vazia.”
- Elipse do verbo: “Um hipócrita. Até quando sincero, um hipócrita.”
- Elipse de preposição: “Miguel foi atrás dela, mãos nos bolsos, falando calmo.” (Luandino Vieira)
- Elipse da preposição antes da integrante que: “Uma vez certa que morria, ordenou o que prometera a si mesma.” (Machado de Assis)
- Elipse da conjunção integrante que: “Não cuideis seja a masmorra… Não cuideis seja o degredo…” (Cecília Meireles)
Elipse estilística
Também é usada para descrições esquemáticas ou anotações rápidas: “Poucos feridos. Rara gente de luto. Nenhuma tristeza.” (Mário de Sá-Carneiro).
Zeugma
O zeugma é uma forma de elipse onde o termo usado em uma parte da frase está subentendido em outra parte: “A igreja era grande e pobre. Os altares, humildes.” (Carlos Drummond de Andrade).
Prolepse (ou Antecipação)
A prolepse desloca um termo para uma oração anterior: “– O próprio ministro, dizem que não gostou do ato.” (Machado de Assis). Essa técnica antecipa informações que serão desenvolvidas posteriormente.
Sínquise
A sínquise é uma inversão violenta das palavras na frase: “Da fonte dos meus olhos nunca enxuta / A corrente fatal, fico indeciso” (Cláudio Manuel da Costa). Em ordem direta, a frase seria: “Ao ver quanto se executa em meu dano, fico indeciso perante a corrente fatal da fonte dos meus olhos que nunca está enxuta”.
Assíndeto e Polissíndeto
Assíndeto
O assíndeto emprega a ausência de conjunções para um encadeamento mais vigoroso: “A barca vinha perto, chegou, atracou, entramos.” (Machado de Assis).
Polissíndeto
O polissíndeto, por sua vez, faz uso reiterado de conjunções: “Nem glória, nem amores, nem santidade, nem heroísmo.” (Otto Lara Resende).
Anacoluto
O anacoluto envolve uma mudança de construção sintática no meio do enunciado, geralmente após uma pausa: “Umas carabinas que guardava atrás do guarda-roupa, a gente brincava com elas, de tão imprestáveis.” (José Lins do Rego).
Silepse
Tipos de silepse
- Silepse de número: “Deu-me notícias da gente Aguiar; estão bons.” (Machado de Assis).
- Silepse de gênero: “V. Ex.ª parece magoado…” (Carlos Drummond de Andrade).
- Silepse de pessoa: “Sós os quatro velhos – o desembargador com os três – fazíamos planos futuros.” (Machado de Assis).
Anáfora
A anáfora é a repetição de palavras ou expressões no início de versos ou frases: “Como no tanque de um palácio mago / Dois alvos cisnes na bacia lisa, / Como nas águas que o barqueiro frisa, / Dois nenuferes sobre o azul do lago […]”.
Conclusão
As figuras de sintaxe são ferramentas poderosas que ajudam a moldar e a intensificar a expressão escrita. Elas fornecem nuances e profundidade aos textos, permitindo que o autor comunique suas ideias de maneiras mais criativas e envolventes. Para estudantes se preparando para exames importantes, como o ENEM e vestibulares, compreender e utilizar essas figuras de sintaxe pode ser crucial para produzir redações de alta qualidade e para interagir de maneira mais eficaz com obras literárias e outros tipos de textos. Portanto, uma prática constante e o estudo aprofundado dessas figuras de construção são essenciais para a proficiência na língua portuguesa.
Por fim, lembre-se de que o uso adequado das figuras de sintaxe não apenas melhora a clareza e expressividade da escrita, mas também demonstra um elevado domínio da linguagem, fator decisivo em avaliações rigorosas. Continue explorando e praticando essas técnicas para aprimorar ainda mais suas habilidades de escrita. Boa sorte em seus estudos!