Especialista em Obesidade: funções, mercado de trabalho e avanços

Com o aumento global das taxas de obesidade, a importância de especialistas qualificados nessa área nunca foi tão evidente. Diversas especialidades médicas desempenham um papel essencial no diagnóstico e tratamento dessa condição complexa, utilizando uma abordagem abrangente que inclui planos de tratamento personalizados, orientações sobre alimentação e atividade física, além de intervenções médicas e cirúrgicas.

Este artigo explora as funções desses profissionais, as variadas oportunidades no mercado de trabalho e os recentes avanços médicos que estão modificando o tratamento da obesidade. 

Qual a formação do médico que pode ser especialista em obesidade?

A obesidade é uma condição médica complexa que requer um entendimento abrangente e multidisciplinar, tornando essencial que os especialistas na área tenham uma formação sólida e específica. Algumas especializações médicas se destacam no manejo dessa condição.

Endocrinologia

Dentre as especialidades médicas, os endocrinologistas se destacam por ter a prática clínica muito voltada ao manejo de pacientes com obesidade e de doenças frequentemente associadas a ela – diabetes mellitus, dislipidemia, dentre outras. A formação na área pode se dar por pós-graduação, ou por residência, seguindo o caminho: residência médica em clínica médica (2 anos), seguida pela residência em endocrinologia (2 anos).

Nutrologia

O médico nutrólogo especializa-se no manejo de diversas doenças associadas à nutrição: desnutrição, transtornos alimentares, e, em destaque, a obesidade. A formação na área pode se dar por pós-graduação, ou por residência, seguindo o caminho: residência médica em clínica médica (2 anos), seguida pela residência em nutrologia (2 anos).

Cirurgia Bariátrica

Cirurgiões bariátricos oferecem uma solução cirúrgica para a obesidade severa. Essa especialidade requer uma formação em cirurgia geral seguida de um treinamento específico em técnicas bariátricas.

Usualmente, a formação para permitir a realização de cirurgias bariátricas se segue à formação em cirurgia geral (residência com duração de 3 anos) e à formação em cirurgia do aparelho digestivo (residência com duração de 2 anos).

Formação Acadêmica e Pós-Graduação

Dentre os caminhos possíveis para o trabalho focado no manejo de obesidade nas especialidades acima, destacam-se a residência médica e a pós-graduação:

• Residência Médica: Dependendo da especialização desejada, a residência médica pode durar de três a cinco anos. Durante esse período, o médico adquire experiência prática intensiva sob supervisão direta. O acesso à residência se dá por meio de processos seletivos concorridos, que podem incluir etapas teóricas, etapas práticas e avaliação curricular.
• A vantagem principal da residência consiste em permitir o aprendizado por meio da prática intensiva em cenários diversos, com carga horária intensa, porém com grande aprendizado.
• Como desvantagens, têm-se a remuneração na residência, que segue o valor da bolsa estipulado pelo Ministério da Educação (MEC); e o fato de que, para muitos médicos, a carga horária e formação fornecida pela residência podem ser não ser necessários às aspirações de trabalho pessoais – como veremos abaixo sobre a “pós-graduação”.
• Pós-Graduação em Obesidade: Alternativamente, muitos médicos optam por realizar uma pós-graduação em obesidade. Diferente da residência, centrada em uma carga horária de trabalho elevada e em atividades práticas intensas, a pós-graduação tem, geralmente, uma ênfase teórica; além disso, os médicos pagam para realizar pós-graduações, diferente da residência, em que recebem uma bolsa para cursá-la
• A vantagem das pós-graduações consistem na maior facilidade e menor carga horária, comparativamente à residência.
• Como desvantagens, têm-se que o aprendizado prático, em geral, será bem menos intenso que o obtido pela residência; o fato de que a pós não permite o desenvolvimento de contatos com médicos com maior grau de formação, o famoso networking, essencial para a obtenção de oportunidades de trabalho após a formação; e que é necessário pagar para realizá-la. Adicionalmente, para especialidades cirúrgicas, que têm a habilidade prática como componente essencial, não é possível a formação por pós-graduação, apenas via residência médica.

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Mercado de trabalho e remuneração do especialista em obesidade

A prevalência global da obesidade tem aumentado significativamente nas últimas décadas, impulsionando a demanda por profissionais especializados em sua gestão e tratamento. Especialistas em obesidade são cada vez mais necessários em diversos contextos, como clínicas particulares, hospitais, centros de reabilitação e programas de saúde pública. A obesidade é um fator de risco para várias condições crônicas, incluindo diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares, o que aumenta ainda mais a necessidade de especialistas que possam fornecer cuidados abrangentes a esses pacientes.

A remuneração de um especialista em obesidade pode variar dependendo de vários fatores, como o nível de experiência, localização geográfica e tipo de emprego. 

Por exemplo, médicos que trabalham sobretudo com consultas ambulatoriais – como é o caso dos endocrinologistas e neurologistas -, têm seus salários definidos sobretudo pelo valor cobrado por consulta e pela carga horária de trabalho.

Os dados sobre a faixa salarial dos médicos focados no manejo da obesidade variam muito conforme a especialidade, e são escassos no Brasil. É muito frequente que os médicos focados no manejo dessa condição enfoquem estratégias de marketing, p.ex. pelo emprego de redes sociais para atração de clientes, e que forneçam produtos como cursos online de emagrecimento, o que pode aumentar os ganhos obtidos.

Avanços na área de obesidade

O tratamento da obesidade tem evoluído significativamente nas últimas décadas, trazendo novas esperanças para milhões de pessoas em todo o mundo. Esse progresso é fruto de intensas pesquisas científicas e avanços tecnológicos que proporcionam um aumento da eficiência e segurança nos tratamentos disponíveis.

Tratamento não-medicamentoso

Inicialmente, deve-se destacar que o tratamento não medicamentoso da obesidade deve ser o componente principal de seu manejo, baseando-se na readequação alimentar, na atividade física e em terapias cognitivo-comportamentais. 

Terapias Comportamentais

O entendimento da obesidade como uma condição multifatorial tem impulsionado a adoção de terapias comportamentais combinadas com tratamentos médicos. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é amplamente utilizada para ajudar pacientes a identificar e modificar padrões de comportamento alimentar disfuncionais. Essa abordagem, quando aplicada por especialistas em obesidade, pode aumentar consideravelmente as chances de sucesso no tratamento.

Medicamentos Específicos

Os avanços na farmacoterapia para obesidade têm sido notáveis dentre os destaques dos últimos anos, tem-se a semaglutida, que tem se mostrado eficaz no controle da obesidade quando utilizada em combinação com mudanças no estilo de vida. Esses medicamentos são prescritos com cautela e sob acompanhamento médico rigoroso para garantir a eficácia e minimizar os efeitos colaterais.

As modificações de estilo de vida, componente principal do tratamento não-farmacológico da obesidade, devem ser a etapa inicial é mais importante de seu manejo. O paciente não apresente perda de peso com elas, há algumas indicações bem definidas de tratamento medicamentoso – observe-as na tabela do Extensivo do Estratégia MED:

Cirurgia Bariátrica Avançada

A cirurgia bariátrica representa um marco importante no tratamento da obesidade grave. Ela altera a anatomia do sistema digestivo, reduzindo a capacidade do estômago ou desviando o caminho dos alimentos, o que resulta em perda significativa de peso. 

A cirurgia bariátrica possui indicações bem definidas, que devem ser avaliadas com cuidado, para que seja bem indicada. Relembre-se as com o trecho do Extensivo do Estratégia MED:

Como vimos acima, são diversas as intervenções possíveis no manejo da obesidade; observe o mapa mental abaixo, retirado do Extensivo do Estratégia MED, que resume o fluxograma de manejo dessa condição:

Conclusão

Em conclusão, profissionais com formação em endocrinologia, nutrologia ou cirurgia bariátrica estão em crescente demanda devido ao alarmante aumento das taxas de obesidade e das complicações associadas. Além do atendimento clínico, especialistas encontram oportunidades em pesquisa, ensino e políticas de saúde pública, sendo essas posições acompanhadas por uma remuneração variada que reflete a especialização e a experiência do indivíduo.

Os avanços no tratamento da obesidade, incluindo medicamentos inovadores e técnicas cirúrgicas como a bariátrica, têm proporcionado novas esperanças para pacientes. A combinação de uma sólida formação, práticas baseadas em evidências e o uso de novas tecnologias colocam o especialista em obesidade em uma posição estratégica para combater essa condição e melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.